quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Primeiro Capítulo Disponível!

Este é o primeiro capítulo do romance “As Crônicas Élficas”. Este livro será publicado como um folhetim, capítulo a capítulo, conforme vai sendo escrito pelo autor.

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 Segue trecho da obra abaixo:

 ***

A Primavera Gloriosa finalmente chegava à Grande Floresta da Daláquia. O disco solar, a tanto tempo ocultado pelas gélidas emanações invernais, enfim erguia-se em sua ascensão flamejante, lançando infinitos raios, ainda débeis, mas já capazes de penetrar a espessa camada de névoa e atingir os flocos de neve acumulados nos ramos das árvores. Ao passar através de tais estruturas de água cristalizada, a luz amarelada decompunha-se em uma miríade de cores e padrões de luminosidade variável, como se atravessasse o prisma descrito por Sir Isaac Newton em seus estudos seminais sobre o fenômeno da refração.

Talvez pareça despropositada, caro leitor, a referência ao nome de tão famoso cientista nesta obra que pretende (desde o título) narrar a história de elfos, dragões, quiçá fadas, magos e outras criaturas mais pertinentes ao reino da Fantasia que da Ciência. Assim, para evitar que ulteriores questionamentos interrompam o fluxo contínuo de nossa narrativa, peço licença para uma breve explanação do assunto. É que embora este humilde narrador reconheça o abismo ontológico intransponível que separa a ficção da realidade, também reconheço que existe um conjunto de regras que rege necessariamente a ambos os mundos.

É por isso que tudo o que conhecemos sobre a realidade bem se aplica ao universo ficcional no qual a Grande Floresta da Daláquia está situada, e nada há que nos impeça de falar de leis da física ao tentar transmitir ao leitor a incrível beleza produzida pelo espetáculo de infinitas cores que iluminava a floresta naquela manhã. Nada também nos impedirá de aludir às teorias econômicas ou psicanalíticas para que possamos descrever os comportamentos dos povos e indivíduos da errante Nação Élfica. Simetricamente, paira sobre nosso próprio mundo um grande Talvez, ineludível e maravilhoso: o de que algo da magia desses seres fantásticos possa de fato habitar furtivamente em nossas vidas; de que a fria lógica dos átomos que impera em nossa cosmovisão possa esconder algo da camada secreta e milagrosa do Mito.

Apenas através dessa pequena porta, dessa fissura mantida aberta por um Talvez, é que podemos vislumbrar o mundo que pretendo apresentar nas próximas páginas, e apenas atraves dessa porta poderão os personagens que representam o drama a seguir nos tocar de alguma forma. Feche essa porta por sua própria conta e risco, caro leitor. Sinto informar-lhe que o ceticismo completo implica na completa ausência de sentido.

É claro que alguém como a elfa Maranele – sim, uma elfa! – que esteve exposta ao cansaço e ansiedade por incontáveis dias de fome e frio, não perderá seu tempo considerando as inúmeras possibilidades de encontro entre o real e o fantástico, nem será capaz de admirar a infinita beleza das cores oscilando lentamente com o periódico movimento dos ramos balançantes dos pinheiros e com o vagaroso degelo do orvalho aquecido pelos raios solares. Sempre que uma mínima fresta de porta se abre para que percebamos a poesia da Magia que domina o mundo onírico, ao mesmo tempo permite que a inexorável brutalidade de nosso olhar penetre no coração dos habitantes de nossos sonhos.

Para a jovem caçadora – se podemos falar em juventude no que concerne uma raça destinada à eternidade – nada mais existia além da Caça, e a caça em última instância se resume a uma encenação da Morte, embora seja também uma celebração da Vida. (...)